O sorriso
Creio que foi o sorriso,
o sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade, O outro nome da terra.
Agora eu sei que foi o sorriso. Foi o sorriso dos meus futuros alunos da Escola Joaquim Inácio da Cruz Sobral que abriram a porta, e é a saudade que já se sente que a fecha com a violência necessária e brutal da despedida. É a luz das lágrimas que ilumina a esperança que fizeram nascer no coração dos crentes de um mundo melhor. Para eles todos este poema.
José Gomes Ferreira (1900-1985)
(Mais outra canção para a inventada)
Dá-me a tua mão.
Deixa que a minha solidão
prolongue mais a tua
- para aqui os dois de mãos dadas
nas noites estreladas,
a ver fantasmas a dançar na lua.
Dá-me a tua mão, companheira,
Até o abismo da Ternura Derradeira